quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morte

Ao redor dos dez anos, quando faleceu Humberto Sarcinella, meu avô paterno, lembro direitinho da seguinte cena.
Horário do intervalo no Externato Vieira de Moraes, no bairro de Campo Belo. Minhas amigas - hoje seriam chamadas de BFFs (ainda prefiro "amigas"), Mônica (morena e carioca) e Marta (loira escuro e paulistana) se aproximaram para ouvir meu segredo.
Em um círculo, pequeno e apertado, olhando para os lados - garantindo que ninguém estranho estaria próximo para nos ouvir - revelei o que se passava em minha casa.
- Meu avô morreu.
Silêncio e uma certa apreensão. Pausa dramática, olhar para os lados, continuei:
- Mas não contem prá  ninguém... NINGUEM, ouviram? Pois é segredo. Minha família tá mentindo... estão fazendo um inventário...

Um comentário:

  1. Adoro esses mistérios infantis tão cheios de dramas.
    Você escreve com maestria! Me vi dentro da sua estória participando do "segredo".
    Bjusss

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