segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O baile

Em um instante, pequenas gotas de purpurina reluzente bailavam ao meu redor.
Lindas... brancas, vermelhas, amarelas... alternavam-se descompassadamente no descompasso dos meus pés.
Estáticos, buscavam um ritmo que não mais lhes pertencia.
Um tempo sem medida trouxe os beijos não trocados, os projetos relevados, os sorrisos trocados...
Trouxe todas as possibilidades que um rodopiar pode proporcionar.
Girar, sonhar, lembrar, temer...
Sem avisar, também parou.
As luzes não mais rodavam.
O descompasso é do coração.
No corpo, tremor.
Foi o momento do encontro entre tudo o que se teve e tudo o que tememos não ter...
Brilhos estáticos piscam...
Carros passam...
O policial se aproxima.
- Sim, seu guarda... estou bem...um pouco nervosa...não estou ferida... preciso buscar minha filha...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Só queria dizer que te amo

Ontem aprendi que, quando estou num avião, quer eu goste ou não, entre V1 e V2 estou no limbo.

Hoje, aprendi que bate-boca rola em qualquer lugar, na frente de qualquer um, usa-se qualquer palavra.
E tudo isto parece real num mundo virtual.

Em mil novecentos e oitenta e um, aprendi a dirigir e hoje não sei ensinar isto à minha filha.

Um curso de programação neurolinguística me ensinou a resgatar sonhos.

Acordada, sonhei em ser escritora.

Estudando, entendi que expressar o que sinto, não é suficiente.

Tudo isso... e o que eu queria dizer era tão simples...



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O que você quer ser quando envelhecer?

Lá pelos idos da década de setenta, quando alguém perguntava a uma criança "o que você quer ser quando crescer?", a resposta poderia ser "salsicha!"
Claro que haviam respostas do tipo engenheiro, advogado, médico, bailarina ou professor. Bombeiro, provavelmente. Meu filho, quando tinha uns oito anos, respondeu motoboy. Quase tive um enfarto.
Em muitos casos, depois da decisão tomada, é um caminho de mão única com desvios naturais ou não, terreno acidentado ou plano - todas essas coisas que caminhadas que tenham a sua duração estimada em setenta e três anos e dois meses, de acordo com o IBGE, encontram. Ou não.
Muitas perguntas vão aparecer também, mas dificilmente, num bate papo de bar, no almoço dominical ou no casamento do primo distante (onde o que você quer é encontrar alguém que seja o seu número), alguém vai te perguntar: o que você quer ser quando envelhecer?
Hoje em dia, tem algumas pessoas perguntando isso para seus clientes - o moderno "coaching" tem essa como uma de suas perguntas poderosas. Mas você já perguntou isso para si próprio?
Assisti a um video, que fez com que eu me perguntasse o que quero ser quando envelhecer. Ponte.
Simples assim.
Até pensei no meu epitáfio:
"Aqui jaz uma ponte. Interligou pessoas, proporcionou caminhos, encurtou distancias. Descanse em paz."

E você. O que vai ser quando envelhecer?

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Abaixo o link e o convite para que assista o video.

Sonho Brasileiro - Manifesto

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

E na outra mesa ao lado...

- Lá la ri la ra rááááá!!!!!
- Gabi, páre.
- Vem aqui, Mona... lá la la ri la la lááááá!!!
- Gabi, pare, Gabi. Já falei. Senta. Senta, Gabi, aqui, agora. To mandando...
- HAAAAAAAAAAAAA!!!!! Lá la ri la ra rááááá!!!!! Roda, Mona, rodaaaa...
- Gabi, pára já com isso. Senta. Mona, voce também. As duas, sentadas. Olha, vou cancelar o pedido e não trago mais voces aqui.
- Lá la ri la ra rááááá!!!!! Hahahahahahaha!!!! Olhas as pedrinhas...
- É assim? Vou cancelar tudo... Garçom, garçom, pode cancelar tudo, elas não se comportam... ah! Vai se sentar?
- Lá la ri la ra rááááá!!!!! Sentei mãe... SEEEEEENNNNNNTEEIIIIIIIII Lá la ri la ra rááááá!!!!!
- Gabi, mais baixo, filha. Mais baixo... voce não sabe se comportar. Olha, não trago mais nenhuma de voces duas aqui. Gabi, voce se comporta pior que a Patricia, não pode... shhhh....shhh... já pedi.
Lá la ri la ra rááááá...
- Melhor, filha... olha, chegou o pedido... agora come.

...


- Lá la ri la ra rááááá!!!!!
- Gabi, páre.
- Vem aqui, Mona... lá la la ri la la lááááá!!!
- Gabi, pare, Gabi. Já falei. Senta. Senta, Gabi, aqui, agora. To mandando...
- HAAAAAAAAAAAAA!!!!! Lá la ri la ra rááááá!!!!! Roda, Mona, rodaaaa...
- Ai meu Deus... garçom, por favor, a conta... Gabi pára, pára... já pedi....
- Lá la ri la ra rááááá!!!!!

Não arremessei um livro, pois não estava lendo... e o laptop não me pertence.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Esforço

Na cozinha, começo a esquentar as alcachofras que serão servidas em nosso jantar, estamos de dieta e hoje somos só nós duas. Mãe e filha.
Enquanto não ficam prontas, Camilla prepara o molho que acompanhará cada folhinha de alcachofra e eu começo a picar as folhas de couve prá fazer suco. Papo vai, papo vem - época de vestibular, as dúvidas, a carreira, o que fazer, prá onde ir, qual é a melhor faculdade, a amiga que desistiu no meio do curso, etc e tal.
Uma conversa prá cima, construtiva, cheia de trocas e carregada de amor e confiança no futuro.

...

Ligo a TV, está na Globo e assistimos parte do Jornal Nacional. Se não fosse o jantar, a conversa e o sorriso dela, eu juro que desistia. Acreditar, depois de ter assistido o JN, exige muito de mim.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Retorno


Pasta de um lado, bolsa de outro. Priorizo a bolsa.

Lápis, caneta, batom, recibos de cartão de débito e de crédito, contas a pagar, clips, óculos com e sem caixinha, cartões de visita - os meus e os teus - celular da empresa, celular pessoal, necessaire, carteira, papel de bala, bala e uma bela saculejada em cima da lixeira prá garantir que está vazia. E limpa.
Rasga, rasga, rasga - responde um email - rasga, rasga, rasga. Quanta papelada inútil!
Guarda, guarda, guarda - custa colocar as coisas no lugar depois que usou? - organiza, organiza, organiza. Pronto.

Acho que bagunço tudo prá poder organizar depois. Coisa de louca. Ou bagunceira?
Voltar das férias é um saco. Tudo bem, gosto do que faço - aliás, gosto muito - mas estava bom "lá".
Na terça feira, praticar o ritual das segundas, ajuda no processo de transição. Me engana que eu gosto...

O que ajuda mesmo neste retorno, é o sorriso do Daniel, o porteiro da garagem, acompanhado de um "que bom que voce voltou!". Na sequencia, vem Nelson com seu sorriso acanhado e o "bom dia, Dona Sylvia, pensei que não voltava mais", Doret com sua doce pronuncia "gerrrrrrrmanica", um abraço e o beijo de boas vindas e ainda o café "que presta" da Kelly, acompanhado de pão francês fresco "pois eu sabia que você voltava hoje".

Tenho que admitir. Para algumas coisas, voltar é bom.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Lágrimas férteis

Avenca em tempo de seca, desfolha.
Perde seu verde colorido, cede espaço para um amarelado e tem como destino um voo leve.
Desprende-se pouco a pouco daquelas hastezinhas pequetitas, que até então sustentavam seus verdes e vai de encontro ao solo.

Seca, em países tropicais, tem tempo certo para durar.
Nada matemático, nunca programado, mas sempre certeiro.
Tempo é assim. Incontrolável.

E neste momento, a avenca chora.
Toma emprestada as gotas que o céu manda para todos e assume que são somente dela. E para ela.
Chora copiosamente... sem perceber que neste momento, na confusão de seus sentires, está alimentando a si própria.

Folhas verdes estão por vir...
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