segunda-feira, 22 de julho de 2013

Hai Kai - ai

***

Atirou no que viu.
Doeu.
Atiraria de novo...

***

Hipocrisia.
Quem pode, quem se fode?
Vida, que porre!

***

Como banana
Largada no canto
Apodrecendo

***


Bananas
foto: Sylvia Beatrix



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Futuro passado

Reparou em cada um dos detalhes da mesa organizada para o jantar. Jamais teria escolhido lírios para a decoração. A entrada estava sem sal, o prato principal crú e a sobremesa, excessivamente doce.
Na verdade, ela futuro do pretérito tudo. Tudinho.

Teria escolhido tons de azul, no lugar do pálido rosa eleito pela anfitriã. Arranjos com flores do campo, seriam mais alegres do que os lírios. Prepararia a receita de família, perfeita para uma ocasião como aquela. Vitelo tonné, seguido do capelletti da Nonna e o manjar dos manjares - pudim de leite, com furinho e tudo! Seria perfeito. Receberia a todos com alegria e prazer. Viveria o momento, pois saberia que a felicidade é feita de instantes, entregaria o melhor de si, conversaria sobre trivialidades, política e besteiras. Falaria muita besteira, principalmente depois que tivesse tomado mais vinho do que acharia correto. Quebraria as regras de vez em quando. Sussurraria obscenidades ao pé do ouvido de seu amado. Lançaria olhares que somente ele compreenderia. Receberia outros de volta. Os convidados elogiariam a recepção, a noite agradável. Precisamos repetir mais vezes, diriam.

Mas o tempo vivido foi outro. E este, não se realizou.

Flores de Itaipava, RJ
foto: Sylvia Beatrix





quarta-feira, 10 de julho de 2013

Desabafo patriótico


Brasil, querido.

Deixa eu te contar uma coisa. A diferença está nos detalhes. Pequenos. Mínimos. Quase desprezíveis. Mesmo assim, fazem a diferença.

Um exemplo. O site de um local informa a hora em que os ingressos serão distribuídos. Nem todo mundo mora perto do local, querido Brasil.
Isso significa que, alguém que more longe e se programe para participar de tal evento, se organiza com maior antecedência. Quer ir? Interrompa o seu almoço familiar para chegar no horário.

E o que é o tempo?

Para nós, Brasil, é uma dádiva dos deuses. Ao nosso bel prazer, certo? (cá entre nós, Brasilzinho amado, como você desfruta desse tempo através de seus cidadãos! Horário pra quê? Bah!).
Bom, como o tempo para você não é dinheiro, pelo menos dinheiro é dinheiro. Certo? Errado! Lembra do site que te informava o horário? Pois é, estava errado. Novas? Não, né? E a desculpa: erro no sistema. Nova? Também não, né?

Brasil, deixa eu te contar.

Devo ser mulher de malandro - tu me dá na cara, mas eu amo. E olha que o Gigante é você, eu tenho um metro e meio e, tô aqui.
Querido, eu sei que pra você as 2 horas que eu vou ficar esperando, mais o valor adicional do estacionamento é, como diriam os americanos, peanuts, dinheiro de pinga, diria meu pai.

Mas de peanuts em peanuts, de pinga em pinga, ficamos nesta situação horrível que ambos nos encontramos.
Eu, morrendo de frio na rua, neste momento em que te escrevo e você, com manifestantes, vândalos, revolucionários, mães, filhos, professores, médicos e o escambau, tacando fogo em suas ruas, prédios e tudo o mais, dia sim, dia não.

Brasil, tá na hora de você me amar como eu te amo. Tá duro, cara. Tá duro.


PS: não é só por causa do ingresso.

"Os Candangos", de Bruno Giorgi
(estátua de bronze, 1957)
foto: Sylvia Beatrix

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...