quarta-feira, 10 de julho de 2013

Desabafo patriótico


Brasil, querido.

Deixa eu te contar uma coisa. A diferença está nos detalhes. Pequenos. Mínimos. Quase desprezíveis. Mesmo assim, fazem a diferença.

Um exemplo. O site de um local informa a hora em que os ingressos serão distribuídos. Nem todo mundo mora perto do local, querido Brasil.
Isso significa que, alguém que more longe e se programe para participar de tal evento, se organiza com maior antecedência. Quer ir? Interrompa o seu almoço familiar para chegar no horário.

E o que é o tempo?

Para nós, Brasil, é uma dádiva dos deuses. Ao nosso bel prazer, certo? (cá entre nós, Brasilzinho amado, como você desfruta desse tempo através de seus cidadãos! Horário pra quê? Bah!).
Bom, como o tempo para você não é dinheiro, pelo menos dinheiro é dinheiro. Certo? Errado! Lembra do site que te informava o horário? Pois é, estava errado. Novas? Não, né? E a desculpa: erro no sistema. Nova? Também não, né?

Brasil, deixa eu te contar.

Devo ser mulher de malandro - tu me dá na cara, mas eu amo. E olha que o Gigante é você, eu tenho um metro e meio e, tô aqui.
Querido, eu sei que pra você as 2 horas que eu vou ficar esperando, mais o valor adicional do estacionamento é, como diriam os americanos, peanuts, dinheiro de pinga, diria meu pai.

Mas de peanuts em peanuts, de pinga em pinga, ficamos nesta situação horrível que ambos nos encontramos.
Eu, morrendo de frio na rua, neste momento em que te escrevo e você, com manifestantes, vândalos, revolucionários, mães, filhos, professores, médicos e o escambau, tacando fogo em suas ruas, prédios e tudo o mais, dia sim, dia não.

Brasil, tá na hora de você me amar como eu te amo. Tá duro, cara. Tá duro.


PS: não é só por causa do ingresso.

"Os Candangos", de Bruno Giorgi
(estátua de bronze, 1957)
foto: Sylvia Beatrix

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