segunda-feira, 14 de março de 2011

Tik. Ou a arte de surpreender.

Dar presente.
Uma olhada rápida no calendário e... é hoje!
Dia dos Pais, das Mães, dos Namorados, dos Avós, dia Disso, dia Daquilo. Datas comemorativas famosas como Natal ou Páscoa e outras nem tanto, como o dia do Goleiro (26 de abril) ou o dia do Pedicuro (4 de novembro).
O comércio não nos deixa esquecer destas ocasiões que são amplamente anunciadas por todos os cantos da cidade. Difícil fingir que não viu ou dizer que se esqueceu.
Tenho amigas, muito precavidas e atenciosas, que se antecipam a praticamente todas essas datas. Viajando ou em um simples passeio pelo shopping center, compram verdadeiras pe-chin-chas, que são guardadas para aquele dia especial. Lembrancinhas para a Páscoa, estocam presentinhos para o Natal, mimozinhos comprados para a criançada e vários outros “inhos” que serão ofertados nestas datas tão especiais.... ou nem tanto.
Aliás, acredito que utilizem tanto o diminutivo para, quem sabe, aliviar o valorzinho da fatura do cartão de crédito que chega no final do mês.
Desta maneira evitam surpresas e podem demonstrar sua afeição e atenção ao presenteado, na hora certa. Delicadeza, certo?

Nem sempre.

O ato em si pode ter propósitos diferentes: desde o mais genuíno amor e prazer em reconhecer e agradar quem vai receber o presente, até o mais puro ato de bajulação. Fica a critério do freguês. Até o medo pode ser motivo para presentear: imaginem o risco que corre um executivo que se esqueça do Dia da Secretária. Deus me livre esquecer o dia do Cabeleireiro (3 de novembro)!!!
Virar a folha do calendário também pode levar ao pânico, quando as datas celebradas são os aniversários de entes queridos – ou nem tão queridos assim:

- Ai, meu Deus!!! Fevereiro chegou... vou à bancarrota! Avó, afilhado, pai e madrinha... todos fazendo aniversário este mês. Até minha sogra!! Assim não é possível. Ano que vem, saio de férias em fevereiro, vai ficar muito mais barato!

Os presentes-com-data-horario-e-local-marcados, podem se transformar em verdadeiras bombas relógio, caso o presenteado demonstre – mesmo que sutilmente – desagrado com o que recebeu. Mas isto, já é outra história.
Dei o presente, quem recebeu sabia o que estava acontecendo. Fechado o ciclo.
Presentes, nem sempre vem embrulhados em papel decorado, com fitas e cartões. Às vezes chegam de maneira inusitada, surpreendendo às duas partes: quem recebe e quem o deu.
Um sorriso ou um olhar, até podem parecer óbvios, em se tratando de ofertas gratuitas. Algumas frases, nem tanto – elas dependem do momento vivenciado e da interpretação de quem as ouve ou lê.
A emoção que desencadeiam, nem sempre são proporcionais ao que foi dito, e isto realmente não importa. Quem ouviu ou leu, sentiu-se prestigiado, valorizado. Querido.

“Cadê você prá me ajudar com a mala?”
“Prá tomar a decisão, me inspirei em você.”
“Vocês que me abriram a porta pro mundo...”
“O que eu mais queria, era Fulano aqui comigo.”

Estes presentes não têm cheiro nem cor, são gratuitos fáceis de identificar, surpreendem e são sempre lembrados.
Quem ofertou nem sempre tem consciência do que fez.
Quem recebeu, sabe o nome da jóia: reconhecimento.
Preciosa e eterna, como os diamantes.

Para Camilla, Gilmara e Denise. E claro, Tik e Veríssimo!

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