quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fim

Vazio, oco, desocupado e sem alma, com paredes brancas encardidas, sem quadros ou sinais que indiquem uma vida construída a dois, que gerando quatro não foi uma somatória suficiente para superar a crise dos sete anos. O que incomoda é o cheiro. Esse odor de primeira pessoa no singular, eu, tosca, maquiavélica e estratégica, detentora de um contrato de aluguel firmado há mais de um mês, eu locatária e signatária como se esta fosse a minha própria carta de alforria, onde o escravo se liberta do senhor e invertendo os papéis, escraviza seu mestre em sua própria culpa, substantivo feminino abstrato, doído e perpétuo, um cárcere sem paredes nem correntes e com um caminho de saída que ele jamais descobriria.

Um comentário:

  1. Bom e belo dia nesta segunda Querida Silvia.
    Ainda me impressiono com o prazer e facilidade com que escreve e com o prazer que transmite ao escrever. Me diverti também com seu encontro com a Mafalda.
    Uma bela asemana.

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