domingo, 4 de julho de 2010

Qual é a música?

Acordou de mau humor. Sem explicação. Tem gente que não acredita que alguém, só de abrir os olhos esteja de mau humor. Vou tentar explicar em poucas letras, sete para ser exata: D O M I N G O. Agora ficou claro? Mas ela não era daquelas que se entregava facilmente. Primeira alternativa, a TV. Pouco interessava o filme. Rotina é assim mesmo, mas a batalha não seria fácil, estava determinada a mudar esta rota de colisão. Filme infantil, Fábrica de Brinquedos ou algo parecido, com uma frase que logo despertou sua atenção. “A sua vida é um acontecimento. Certifique-se de estar à altura dela.” Era só o que faltava! Não bastava ser domingo e ainda recebia lição de moral da televisão. Resolveu levantar-se. Procedimentos higiênicos básicos, café da manhã, dá uma geral nos emails (os importantes ficarão para mais tarde), resolve ler alguns dos livros acumulados no criado mudo. A escolhida foi Clarice, A Descoberta do Mundo. Segundo passo para reverter o improvável. Percorreu a defesa de palavrões, a incredulidade diante do programa do Chacrinha, um dia de cólera (certamente Clarice escrevera aquilo em um domingo) e a possibilidade do SIM. Era demais, até Clarice resolveu dar lições de moral, possibilidades de vida e coisas do gênero. Quase revoltada, saiu para caminhar. Ipod em punho, mal humor na alma, passos lentos. Se a vida interna ia se virar contra ela, que pelo menos viesse acompanhada de uma trilha sonora decente. O que acontecia internamente, não precisava ser reforçado pelo exterior. Titãs na cabeça da dinossaura. O grupo começa cantando a fome, consolam Marvin, soltam os cachorros e outros bichos e confiam que o acaso os proteja. A alma começa a se expandir. Lentamente, a dinossaura vai se transformando. Remédio bom, pensa ela. Quero mais. A cada artista, uma letra, um sentido e um passo. Na clareira do parque, momento para uma pausa, senta-se. O que ouve não importa mais, pois o resultado começa a ser sentido por todo seu corpo. Os pés, antes militarmente ordenados, entram em completa revolução. A cabeça movimenta-se aleatoriamente, como se o vento a comandasse... Ela dança. Vencedora, volta para casa como se tudo o que precisasse saber na vida, tivesse sido revelado neste momento. O domingo existe, para que a gente dance. Seja lá qual for a música que se apresente, pois na segunda, começa outro baile. aqui, a musica é aquela que voce imaginar...

Um comentário:

  1. Bárbaro!!!
    Adorei não só o texto como o vídeo ao final!. Deu vontade, às 18:48h de domingo, de escolher um repertório e sair para and(ar)... danç(ar)... mud(AR) o domingo

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