
Sempre sabemos como surgem, mesmo quando queremos esquecer.
Visivel ou não, contam historias, trazem memorias.
Uma delas, aconteceu de maneira muito bonitinha.
Do alto do beliche, o menino resgatou as historias que ouviu, os quadrinhos que leu e o filme que assistiu. Resolveu voar.
Preparou-se todo, não seria um voo como o do Super Homem. Seria um voo de Homem Aranha!
Esticou os braços, apertou com o dedo indicador o próprio pulso para liberar a teia, mirou para o além e foi... para o chão!
De cara, a seco, não sem antes bater o lábio superior naquele que, antes prédio, agora era apenas o outro beliche.
Mas ele voou... entre a projeção do pulo e o corte na boca, ele esteve no ar. Rápido, rapidíssimo, milésimos de segundo... ele esteve no ar!
A boca, até hoje mostra o feito. Dois pontos, nenhum dente perdido e a certeza de ter voado. Orgulho.
Dessa cicatriz aparente, ainda hoje, quando ela já não tem mais o mesmo tamanho de antes, sente prazer em contar o que aconteceu. Ele cresceu, ela encolheu.
E as invisíveis, o que fazer com elas?
Do mesmo jeito que a cicatriz Homem Aranha, as invisíveis tem sua própria historia e nome. Difícil orgulhar-se delas ou contar com o tempo para que diminuam.
Dormem, fingem-se mortas mas tem vida própria.
Mascaradas nas tarefas do dia a dia, basta um sopro, uma letra, uma música, uma foto, um link ou qualquer outro despertador de memória para que, como uma fenix, ressurjam das cinzas.
Neste momento, o menino homem, passa a mão sobre os lábios. Sente a rugosidade leve da marca de infancia e suspira.
Quem dera, todas fossem como esta...
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