segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Simplicidade

Café da manhã é minha refeição predileta.
Nonna Nelly dizia que devemos nos alimentar pela manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo. Ela também possuía um prato, que ficava pendurado na parede da cozinha, na casa da Rua Baiburuas com a seguinte frase: "Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe."
A rua não existe mais com este nome, hoje homenageia o parente de algum vereador de São Paulo. O prato se quebrou, mas o hábito de tomar café da manhã como uma rainha, permaneceu.
Pães, frutas, cereal, leite, manteiga, margarina, geléia de laranja... organizo tudo na mesa da cozinha. Gosto de ver a mesa completa parecendo buffet de hotel. Isso acontece por aproximadamente quatro dias, na sequencia da exagerada compra do supermercado. Pequenos prazeres.
Sem o café, do tipo que não precisa fazer força prá sair do bule, preto mesmo - o dia não começa.
Tenho em casa uma linda cafeteira espressa - só usada em ocasiões especiais - e uma outra do tipo italiana, sextavada, de alumínio, que você coloca a água na parte inferior, depois o filtro - coloca o café sem forçar a barra - e por último a peça que precisa ser rosqueada e que será o depósito do ouro em líquido das minhas manhãs.
As duas peças se quebraram. Descobri isso logo cedo, preparando minha mesa real.
O mal humor começou a se instaurar, a ponto de pensar na possibilidade de tomar chá de maçã no lugar do café. Idéia de girico! Chá de maçã? E a cafeína, como fica?
Antes que eu me encontrasse com algum ser vivente em casa e pusesse a vida dele (ou dela) em risco, me lembrei de um brinde que meu marido ganhou no final do ano passado. E que eu desdenhei.
Lá estava ela... pequenina, com suporte em alumínio, um coador com cara de infância e uma xícara vermelha, de ágata. Voltei no tempo.
Ferver a água, acrescentar o pó ao coador, posicionar a xícara e esperar o meu despertador matinal escorrer despertou em mim tantas memórias quanto novos pensamentos.
Envolta em tantas "nespressos", cafeteiras possantes, chiques, deslumbrantes e deslumbradas, há muito tempo eu não apreciava o lento processo de coar o café.
Ferver... dosar o pó... aguardar.

Simples assim.

Um comentário:

  1. Sylvia... Que delícia de café da manhã... Também o meu é regado a café de cafeteira sextavada (tenho 3, uma de cada tamanho), frutas cortadinhas como para uma salada, pães - gostamos dos integrais cheios de sementinhas - mel e geleia. Não há nada melhor para começar um ótimo dia do que isso.
    Seu texto me remeteu às coisas simples da nossa vida... Senti até o cheiro do seu café coado.
    Lindo...

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